terça-feira, 24 de novembro de 2009

Juventude e narcisismo

PROPOSTA DE REDAÇÃO:

Com base nos textos abaixo e em sua bagagem de informação, redija uma dissertação em prosa sobre o tema:

O que há por trás da supervalorização da própria imagem?

Texto 1:

“Choro por Narciso porque, todas as vezes que ele se deitava sobre

minhas próprias margens eu podia ver, no fundo dos seus olhos minha própria beleza refletida.” - Lenda de Narciso

Texto 2:

A mídia tem se munido das diversas formas de linguagem para ditar a moda, as regras e valores para a sociedade. A massificação das idéias pela mídia tem distanciado as pessoas da prática da reflexão e do exercício do pensar, uma vez que elas recebem as informações prontas e acabadas, não as refletindo, nem trocando idéias a respeito do que estão recebendo, principalmente a juventude que, na maioria das vezes, ainda não dispõe de um arcabouço teórico-cultural para se desvencilhar de tamanha manipulação.

Com o advento da Internet e de outras mídias é notável o avanço com que as imagens digitais circulam, seja através da tela do computador, seja pela tela do celular.

Segundo Pierre Levy em O que é virtual, “O ciberespaço abre de fato um mercado novo, só que se trata menos de uma onda de consumo por vir que da emergência de um espaço de transação qualitativamente diferente, no qual os papéis respectivos dos consumidores, dos produtores e dos intermediários se transformam profundamente.(…) Os produtos e serviços mais valorizados no novo mercado são interativos, o que significa, em termos econômicos, que a produção do valor agregado se desloca para o lado do consumidor, ou melhor, convém substituir a noção de consumo pela de co-produção de mercadorias ou serviços interativos.”

Os primeiros relatos sobre a fotografia datam da Grécia Antiga, aproximadamente em 350 a.C. Nessa época eles já conheciam a produção de imagens através da passagem da luz por um pequeno orifício. No século XIX, a fotografia passa a ser registrada da forma tradicional tal como a conhecemos hoje.

No século XXI, a câmera digital passa a ser comercializada e populariza a fotografia. A princípio ainda como objeto de alto valor agregado e atualmente de fácil aquisição, inclusive, presente em celulares.

Dentro desse contexto, a juventude lida de forma íntima com a fotografia digital, tanto por essa ser mais ágil quanto pela possibilidade de utilizar programas de edição de imagens e pelo fato de ser mais cômodo.

A tecnologia digital possibilita ao usuário, a partir de uma seleção de fotos, fazer inclusive seu próprio filme. Isso é bastante observado em sites interativos como Orkut, MSN, Fotolog, YouTube dentre outros.

Buscamos apresentar ao usuário contemporâneo formas e recursos lúdico-criativos de utilizar a imagem digital na ampliação das possibilidades de novos olhares sobre o real a partir da leitura de imagens digitais de cenas do cotidiano. Deseja-se fugir do estereótipo do eu-narcisista, uma vez que isso é observado nos ambientes virtuais já citados, no qual encontramos na maioria das vezes auto-retratos, desfocando o olhar do educando para outras imagens.

Em uma sociedade na qual, como já foi explicitado, o dito popular “uma imagem vale por mil palavras” tem sido cada vez mais literalmente interpretado pelos jovens, cabe aos educadores, enquanto também responsáveis pela formação desses novos usuários do hipertexto, instrumentar-se para lidar de maneira não-preconceituosa com as questões advindas dessas tecnologias.

Desfocar o olhar do aluno significa fazê-lo interagir com o mundo que o cerca e não apenas, como diz o clichê, “olhar para o próprio umbigo”, ou melhor, para o próprio rostinho captado pela lente digital.

(http://otextolivre.wordpress.com)

Texto 3:

Juventude de Nova Iguaçu usa celulares e máquinas digitais para guardar os bons momentos. - Por: Marcelle da Fonseca Lima

Os celulares usados que o pai de Carolina Fernandes revende sempre despertaram a cobiça da estudante, mas ela só conseguiu realizar o seu sonho de consumo no dia em que ousou pegar um aparelho escondido. “Estou com ele até hoje”, revela com um ar maroto. O pai jamais desconfiou.

O também estudante Giovane Alves dos Santos não cometeu nenhum deslize ético, mas não foi menos trabalhosa a conquista do aparelho que com freqüência usa para fotografar a si mesmo e exibir sua beleza no Orkut para as pessoas que não o conhecem. “Consegui o meu celular com muito suor, juntando o dinheiro que recebia do programa Juventude Cidadã que fiz em 2007”, conta o estudante.

A estudante Natália Stefani Bastos Marques também usa o celular para experiências narcisistas, como a de um dia em que estava sem nada para fazer e resolveu tirar fotos de si mesma. Uma dessas fotos, atualmente exibida no seu Orkut, deixou-a parecida com uma modelo. “Adorei aquela foto”, conta. Mas Natália não usa o aparelho apenas como um espelho. Ela também gosta de registrar os passeios que dá com os pais.

(http://jovemrepórter.blogspot.com)

Texto 4:

Juventude brasileira se afirma como uma “geração vaidosa”

(...) a Music Television (MTV) divulgou, em maio de 2005, resultados de uma pesquisa realizada com 2,3 mil moradores de sete capitais brasileiras com idades entre 15 e 30 anos. Defrontados com uma lista de 16 adjetivos que poderiam caracterizar a sua geração, mais de um terço dos entrevistados (37%) optou pela palavra "vaidade". O "consumismo" veio em segundo lugar. Os jovens brasileiros, segundo o levantamento, preocupam-se com a forma (75% praticam esportes e 31% tentam consumir alimentos dietéticos ou com baixa quantidade de calorias), aprovam as cirurgias plásticas com finalidades estéticas (55%) e se esforçam para estar atualizados com a moda (41% já trocaram de aparelho celular de duas a três vezes). Outro dado impressionante: 60% concordam que "pessoas bonitas têm mais oportunidades na vida". A pesquisa – feita em parceria com o instituto Datafolha – entrevistou jovens das classes A, B e C, das cidades de São Paulo (e interior do estado), Salvador, Brasília, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre.

Resultados - Entre os anos de 2002 e 2003, o número de jovens que se submeteram a cirurgias plásticas no País cresceu 45%, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. Mais de 11% do total de plásticas realizadas no Brasil são feitas em pacientes de até 20 anos. Nos Estados Unidos, esse número não passa de 7%. Pesquisa feita pelo Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), estudou hábitos de consumo de jovens de diversos países e concluiu que, entre os que disseram "interessar-se muito por compras", a maior porcentagem era de brasileiros: 37%. Os franceses vieram em segundo lugar, com 32%, seguidos pelos japoneses, 31%. Consumismo e vaidade adolescentes vêm sendo retratados com freqüência em programas de TV dirigidos ao público jovem. Na própria MTV existe um programa inspirado nos reality shows norte-americanos dedicados a mostrar as milagrosas transformações de que são capazes um bom bisturi e um alentado pacote de sessões dermatológicas. O Missão, apresentado pela modelo Fernanda Tavares, patrocina banhos de loja e imersões em salões de beleza a candidatos à metamorfose. O aumento da vaidade masculina foi uma das descobertas mais notáveis da pesquisa da MTV. Segundo o estudo, 37% dos adolescentes e jovens do sexo masculino cuidam das unhas, 28% usam cremes no rosto, 25% pintam o cabelo e 22% fazem limpeza de pele.

Conclusão: se o universo adolescente vem dando mostras de um narcisismo exacerbado e de um consumismo exagerado, a responsabilidade por isso é, antes de tudo, dos adultos. "Os próprios pais desses adolescentes estão muito preocupados com a aparência. A deles e a dos filhos. Muitos cobram das crianças que sejam magras, bonitas e bem-vestidas o tempo todo", afirma a psicóloga Ceres Alves de Araujo.

Opinião – Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, o jornalista Gilberto Dimenstein comenta os resultados da pesquisa promovida pela MTV. Para ele, o principal resultado desse perfil é ter detectado até que ponto vai a reverência exacerbada à beleza física. “Por que está ocorrendo essa ‘epidemia da beleza’? A resposta é óbvia – e nós da mídia somos, em parte, responsáveis por isso. Há uma supervalorização da aparência. Seres anoréxicos e fúteis, quase inumanos, como Gisele Bündchen, são apresentados como padrão de beleza e de sucesso. A mídia, por sua vez, não se limita a fotografá-los, mas freqüentemente busca suas opiniões sobre os mais diversos temas”, afirma o artigo. Segundo o jornalista, o que se vê atualmente é o “domínio da fugacidade”. A mensagem predominante, continua o texto, é a do consumismo como fonte de prazer e de realização. Vale perguntar se esse imediatismo não é um estímulo ao consumo de drogas. Em comparação com o levantamento realizado em 1999, houve uma redução do número de jovens dispostos a realizar trabalhos comunitários. Na opinião de Dimenstein, algo facilmente explicável: “na lógica do narcisismo, o outro só serve de espelho”. “Podem me chamar de nostálgico, mas, se ser jovem é ficar obcecado pela beleza e viver em regime alimentar ou achar que se comunicar é ficar na frente de um computador, prefiro ser velho. Sou dos que acham que um dos bons prazeres da vida é ouvir, pessoalmente, sem tela nem terminais, conversa de gente falando das dores, delícias e encantamentos das experiências”, conclui.

(http://www.integral.br/noticias/noticias)

Texto 5:

“Essa geração tem câmera digital e a usa como espelho. Olham-se nas fotos e também olham para o outro, para descobrir quem são. (...) Nunca a imagem foi tão importante para fazer parte de grupos. A foto de si serve para dizer ‘estive lá’, ou ‘estive com eles’.

(Carmem Rial, coordenadora do Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem da Universidade Federal de Santa Catarina)

Texto 6:

È um ótimo exercício para a auto-estima.

(Marcelo De Biaggi, cabeleireiro de celebridades)

Texto 7:

É uma estupidez enorme tirar autorretrato.

(J.R. Duran – fotógrafo)

Texto 8:

Eu Me Amo

Ultraje a Rigor

Há quanto tempo eu vinha me procurando

Quanto tempo faz, já nem lembro mais

Sempre correndo atrás de mim feito um louco

Tentando sair desse meu sufoco

Eu era tudo que eu podia querer

Era tão simples e eu custei pra aprender

Daqui pra frente nova vida eu terei

Sempre a meu lado bem feliz eu serei

Refrão

Eu me amo, eu me amo

Não posso mais viver sem mim

Como foi bom eu ter aparecido

Nessa minha vida já um tanto sofrida

Já não sabia mais o que fazer

Pra eu gostar de mim, me aceitar assim

Eu que queria tanto ter alguém

Agora eu sei sem mim eu não sou ninguém

Longe de mim nada mais faz sentido

Pra toda vida eu quero estar comigo

Refrão

Foi tão difícil pra eu me encontrar

É muito fácil um grande amor acabar, mas

Eu vou lutar por esse amor até o fim

Não vou mais deixar eu fugir de mim

Agora eu tenho uma razão pra viver

Agora eu posso até gostar de você

Completamente eu vou poder me entregar

É bem melhor você sabendo se amar


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